Coordenadas: 41° 2' N 7° 51' O
Lazarim é uma vila portuguesa sede da Freguesia de Lazarim do Município de Lamego, distrito de Viseu, com 16.54 km² de área, com 407 habitantes (censos 2021).
Fez parte do extinto concelho de Castro Rei. Foi vila e sede de concelho entre no século XVIII, extinto em 1834. Era constituído pelas freguesias de Lazarim e Meijinhos.
Pertenceu ao concelho de Tarouca até 1896.
É coroado pelo brasão esculpido em pedra, desde o reinado de El-Rei Dom Dinis.
A povoação de Lazarim foi elevada à categoria de vila em 21/06/1995.
Lazarim é uma pacata povoação afundada num aprazível sítio verde, larga bacia cujo chão arável de linhares com muita água sobe por encostas cultivadas em miudinhos geios até aos pinhais da orla florestal que resta dos medievos matagais entremeados de penedias aflorando em cristas gastas da erosão.
De Sul para Norte corre o rio Varosa nascido nos termos do altiplano de Várzea da Serra de onde desce também o rio homónimo e irmão que segue outros caminhos, mas com ele se vem juntar na veiga de Dálvares descendo ambos para o Douro. Abundante de águas, despeja-as primeiro em cascatas de formoso efeito nos sítios do Fojo e da Riorta onde moem ainda os últimos moinhos, entra quase manso na alargada veiga que abandona nas voltas da Farrusca onde há casais de moleiros. Nas encostas há centeio até meia altura e os restos dos Soutos antigos que pagavam foros ao rei.
No plaino húmido cultiva-se batata, o milho é rei enchendo canastros que movimentam a paisagem, ainda há linhos, mas raros.
Há bardos e longas parceiras produzindo vinhos leves e palhetos, acres das sombras, menos os da meia encosta, que o sol adoça. Há também árvores de pomar, macieiras, frutos finos desta terra da meia-serra abrigada dos ventos.
Aqui e além vê-se um carro de bois com uma sebe de entrançado de vime e salgueiro, alfaias encostadas nos muros das quintãs, estrumes retirados de lojas, vacas de trabalho com campainhas, um pequeno rebanho, um moleiro que segue num burrico com taleigas desde um moinho onde a gente entra e gosta de sentir o cheiro da farinha.
Nasceram agricultores, mais que pastores os habitantes de Lazarim, organizados já em fartos casais nos tempos altimedievos. Mas a herança vinha-lhes dos avós que povoaram os cerros, lá onde deixaram vincada a presença na toponímia da Anta e do Castelo, velhas aldeias abandonadas para trás de Mazes, como fantástica memória do passado, do Castro da Maia hoje na posse de Lalim, com muralhas defendendo o nascente, uma difícil escrita de covinhas nos rochedos e restos cerâmicos aflorantes.
No alto do Salgueiral, a Poente, uma sepultura geminada, cavada na rocha é uma romântica lembrança de um sentimento tão velho como o amor dos homens. Lazarim, no centro da bacia agigantada, encostada só um pouco para olhar o sul e o sol, mantém hoje os foros de cabeça administrativa da freguesia. Mantém uma tradição. Porque ali foi o julgado medievo e a sede de um concelho outra vez ganho e perdido nos séculos XVIII e XIX. E cuja memória mais real é o topónimo Vila, designação do núcleo urbano mais antigo com a casa da Câmara, austera construção de granito com janelas e portas de chanfros marcados.
O Pelourinho perdeu-se, a igreja oitocentista dedicada ao arcanjo São Miguel, com o interesse de um tecto de caixotões pintados de santos, anjos e arcanjos e símbolos místicos. A Casa da Câmara e as ruas ruínas, por lá continuam.
Como mobiliário urbano há fontes oitocentistas, capelas de santos, um cruzeiro, e essa abundância de canastros que se mistura às eiras, aos fornos e aos moinhos que ficaram paredes meias com os homens. Neste círculo de teria, os homens viviam da terra, mal ligados a outras terras para onde mandavam o pão e as lenhas e a lã do gado, as varas de linho e as castanhas ás rasas.
Eles quase se bastavam. Tinham frutos. Construíam as casas. E os carros de bois, os certos de verga, os tamanhos de pau e couro, as palhoças de junco, as capuchas de burel, as meias de lã.
As influências vinham, mas lentas. Os velhos conservavam até tarde a memória. A tradição era viva.
Os novos assimilavam-na. E constituíam o seu prolongamento.
Hoje já não é verdade para todos os saberes e para todas as memórias.
Para o ENTRUDO ainda é.
© 2025 Junta de Freguesia de Lazarim. Todos os direitos reservados | Termos de Uso, Política de Privacidade e Política de Cookies | * Chamada para a rede/móvel fixa nacional